Créditos: rockcabeca.com / Reprodução
Outro texto estava pronto. Era sobre Star Wars, nono disco do Wilco. Tecia duras críticas, mas também ressaltava que nem tudo estava perdido. Não sei o porquê, mas o Blogger perdeu o rascunho. Fiz um relato bonito, até. Cheio de floreios, alusões, naqueles breves momentos de inspiração que um mísero backup restabelecia meu ânimo.
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Tudo pelo ralo. Recomeço do zero. Escrevo movido pelo sentimento das músicas que ouço, no ritmo que me convém. E esse trabalho me motiva até a reescrever sobre ele, pois desde que perdi o texto, minha percepção sobre essas 11 faixas acabou mudando um pouco, ficando menos pessimistas. Mas não há motivo para festa. Este disco não está nem no céu, nem no inferno, mas a paciência no purgatório está no fim.
Fazendo uma breve recapitulação, a banda apresenta duas (ou melhor, três) fases distintas. A primeira, até 2002, na qual Jeff Tweedy recebe valiosa contribuição de Jay Bennett na construção das músicas. É a fase "Wilcão de raiz", com country, rock e folk, onde o protagonismo melódico é do violão. Os quatro primeiros discos são da época e são consenso entre todos os fãs, que são soberbos, irretocáveis: AM (1995), Being There (1996), Summerteeh (1999) e Yankee Hotel Foxtroit (2002).
Bennett saiu do grupo (e infelizmente faleceu 7 anos depois) e entraram Neils Cline (guitarra), Pat Sansone (teclado e guitarra) e o baterista foi substituído (Ken Croomer por Gleen Kotche). A banda mudou muito. É a segunda fase, com os mesmos integrantes há mais de uma década. A banda ficou mais roqueira, mesmo sem perder as raízes.
Nesse momento, o Wilco lançou meus dois trabalhos prediletos: o exemplar A Ghost is Born (2004) e o maravilhoso Sky Blue Sky (2007). Mas dali em diante, a maionese desandou. É a fase atual, na qual a banda lança trabalhos que não são ruins, mas que parecem pálidos, erráticos, que definham perto da grandeza do que até então produziram.
Wilco (The Album), lançado em 2008, para alguns foi o "primeiro disco ruim da banda". Não acho, um trabalho nota 6. Mas está abaixo dos demais, sem dúvidas. Aí veio The Whole Love (2011) que eu gosto (bastante, até), apesar de sofrer da síndrome do "coito interrompido": em várias músicas, quando o ápice parece chegar, a canção termina (não sei se culpa da banda, produtor ou de ambos). Podia ser um álbum nota 8,5 mas só alcança um 7.
Aí temos, enfim, Star Wars. Diferente do anterior, apenas se assemelha na minha decepção em alguns momentos, por interromper as músicas antes das melhores partes que poderiam vir. Fora isso, alguns tem belos momentos. Magnetized é linda, claramente influenciada por John Lennon. O início do cd também é bem bom, com a dobradinha More... e Random Name Generator (que baixo sensacional).
Taste the Ceiling é a típica canção fofa do grupo, na qual se gosta na primeira audição. Já no restante do álbum, o esforço para gostar é maior e muitas vezes, em vão. A banda às vezes se mostra acomodada, sem muita ousadia e pisando em territórios sonoros já explorados por ela mesma. Em outros, parece preguiçosa mesmo, até mesmo You Satellite, que é bem interessante, poderia ir muito além, como fizeram com maestria no A Ghost is Born ou até mesmo no The Whole Love. Parece um carro que anda com o freio de mão puxado.
Quando olhamos para o retrovisor, o que mais nos chama a atenção é o que está mais próximo de nós. No caso do Wilco, são Star Wars, The Whole Love e Wilco (The Album), nesta ordem. Sinceramente, não dá para equipará-los com o restante da discografia.
Não chego ao ponto de cravar uma 'decadência' do grupo, mas essa fórmula de ganhar um jogo por 1 a 0 jogando na retranca não me convence. Star Wars, se compararmos com outras bandas (com mais de 20 anos de estrada) que lançaram discos ruins não é um tropeço notável (como Around the Sun, do R.E.M.), nem é um álbum que já nasceu morto (como The King of Limbs, do Radiohead). Há vida, mas no "nosso 7x1 de cada dia", após duas bolas na trave, está para vir um gol contra. Está na hora da reação.
Ouça Magnetized, do Wilco:
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