Créditos: emptylighthouse.com/ Reprodução
Pois é, 2015. Não dá pra esperar aquela alegria juvenil dos
primeiros álbuns, o apogeu festivo de Parklife, a tremenda sacada (e flerte com
a América) no lindão Blur (famoso álbum de capa amarela, quando a capa de cds ainda
eram relevantes), ou quando chutavam o balde em um álbum excelente, experimental e triste
(13), apesar de os singles do mesmo discordarem.
A mesma formação gravou um novo trabalho, após 16 anos (sim,
tivemos o bom Think Tank, mas nele Graham Coxon participou de uma mísera
música e saiu da banda). Desde então, Damon Albarn embarcou em alguns projetos (todos acima da média,
bom ressaltar), Coxon gravou álbuns (irregulares, mas com muita música boa), Alex
James foi cuidar da fazenda e Dave Rowntree até tocou como DJ em Brasília.
O que esperar do novo trabalho, The Magic Whip? Um pouco disso tudo (Blur
alegre, experimental, Gorillaz, acústico), mas com o peso da idade. E após
algumas audições, de fato tudo está ali. Menos o peso da idade, que está
presente apenas na barriguinha dos integrantes do quarteto. O álbum, se mostra
jovial, não da forma como Leisure (lá de 1991, o debut), mas se apresenta leve e
disposto, mesmo sendo tão diverso (o que não chega a ser surpresa se tratando
de Blur).
Os anos 90 estão vivos em músicas como Lonesome Street. Go Out é alegre,
pop, pegajosa e tem aquela guitarra maravilhosamente suja de Coxon. As boas Ice Cream
Man e Pyongyang caberiam facilmente no 13. O Blur sempre tem uma música mais
agitada/guitarreira (lembram de Crazy Beat, Chinese Bombs, B.L.U.R.E.M.I., Bank Holiday?), a deste disco é I Broadcast.
Baladas sempre fizeram parte e aqui estão muito bem representadas: My Terracotta Heart, New World Towers e Thought I Was a Spaceman. A linda Ghost Ship podia ser Gorillaz (apesar da
guitarra de Coxon ser bem peculiar). Ong Ong é outra faixa mastigadinha,
palatável, agradável, fácil de gostar para fãs antigos e novos.
Há uma teoria que desde o cd Parklife (1994), a ultima faixa de
cada álbum é uma pista de como será o próximo ou de como será a banda. Nessa
onda, Mirrorball prevê um futuro interessante, porém um pouco nebuloso.
Cada música é envolvida por diversas camadas sonoras compostas de sirenes, diálogos, toques de telefone, piano e outras esquizofrenias da banda, portanto escutá-lo com fones de ouvidos deixa The Magic Whip ainda mais interessante. Não esperem hinos como The Universal, Tender ou Charmless Man. Mas ainda assim, são boas canções que deixam claro que o retorno do grupo valeu a pena.
Cada música é envolvida por diversas camadas sonoras compostas de sirenes, diálogos, toques de telefone, piano e outras esquizofrenias da banda, portanto escutá-lo com fones de ouvidos deixa The Magic Whip ainda mais interessante. Não esperem hinos como The Universal, Tender ou Charmless Man. Mas ainda assim, são boas canções que deixam claro que o retorno do grupo valeu a pena.
Assista ao videoclipe de Go Out:
foi o que senti também: anos 90 de volta, mas com o peso da maturidade dos membros da banda
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