Columbia Records / Divulgação
Cresci em uma geração na qual boybands eram sinônimo de música divertida (e nem sempre boa) e (quase sempre) descartável. Que após alguns anos ridicularizando, quando eles ficam mais velhos e barrigudos, aí nós temos coragem de admitir nossa "guilty pleasure" e acaba sendo cool.
Quando criança, acompanhei o finalzinho do New Kids in the
Block. Anos depois, peguei a febre de Spice Girls e Bakstreet Boys (e suas
variações, como N’Sync e Five), sempre com algum desdém. Músicas com refrões pegajosos mas que seguiam
um padrão típico, quiçá preguiçoso, como que se as audiências não fossem
rigorosas e aceitassem qualquer coisa. A imagem era bem
vendida e os hormônios levavam para a idolatria, já bastava e funcionou muito bem. A bateria era eletrônica, os
arranjos, pueris, não havia uma grande preocupação melódica, em tentar fazer
algo interessante e mais hum, instigante.
Desde então, passo à margem dos grupos que surgiram
posteriormente. Até a Ana Clara (do Rock’n’Beats) postar no Facebook um post de
um gringo elogiando horrores o One Direction, mais um grupo de garotos com
rostos bonitinhos e tal. Li dois parágrafos e não botei fé, pensei que fosse
algum amigo deles, um "crítico amigo", como existem por aí. Mas baixei o álbum e deixei -o “na fila” para um dia
ouvir e me arrepender de ter escutado.
Aí meu chapa Bruno Capelas (do Pergunte ao Pop), endossou a Ana Clara, postando o
link pra uma música deles, a Little Black Dress, que segue aí abaixo. Sim, era boa. Com bateria,
guitarra, pop até o caroço, mas não necessariamente adolescente. Aí tive que
conferir Midnight Memories, terceiro álbum do grupo.
Na primeira audição, a pergunta: "o que está acontecendo"? Essa mudança já estava ocorrendo ou peguei o bonde andando?
Best Song Ever é pop que não deve nada ao que o melhor do mainstream é feito por aí. Story of My Life é um folk. Sim, FOLK que qualquer banda “respeitada” ou “adulta” do rock faria. Já Diana poderia ser um b-side esquecido e renegado de Bruno Mars (e isso é um baita elogio). Enquanto You & I derrapa nos clichês de uma balada para as AM’s, Don’t Forget Where You Belong, acerta em cheio. Better than Words, que encerra o trabalho, poderia ser do Lenny Kravitz, fácil, fácil.
Best Song Ever é pop que não deve nada ao que o melhor do mainstream é feito por aí. Story of My Life é um folk. Sim, FOLK que qualquer banda “respeitada” ou “adulta” do rock faria. Já Diana poderia ser um b-side esquecido e renegado de Bruno Mars (e isso é um baita elogio). Enquanto You & I derrapa nos clichês de uma balada para as AM’s, Don’t Forget Where You Belong, acerta em cheio. Better than Words, que encerra o trabalho, poderia ser do Lenny Kravitz, fácil, fácil.
A segunda metade do álbum piora e MUITO. Sim, às vezes alguns trejeitos das boybands antigas
aparece: a faixa-título, apesar das muitas guitarras, parece bastante com Five.
Em Strong, falta força. Happily é um baita clichê de canções alegres para
as meninas. Through the dark também não desce.
Não estará nas listas de melhores do ano, mas apresenta
cinco ou seis músicas que realmente chamam a atenção, talvez para novos tempos do mercado que consome música pop. Se a digestão precisa ser rápida, ela
pode ter mais requinte, mais zelo. Enfim, mais qualidade.
Se você gosta de música pop, abaixe a guarda, dispa-se de
seus preconceitos e ouça. Agora, se prefere esperar eles envelhecerem ou o
mais talentoso sair em carreira solo para enfim tecer elogios, a escolha é sua.
Não chega a ser uma revolução, mas um inequívoco sintoma de uma mudança que
pode vir por aí, se é que já não veio e este tiozão aqui, chegou atrasado e achou graça.