Créditos: Larousse / Divulgação
Em cerca de 700 páginas, No Direction Home é um prato cheio apenas para grandes fãs de Dylan. O livro de Robert Shelton (falecido em 1995) foi lançado na década de 80. Portanto, aí já começa um problema: o texto não aborda a polêmica fase de conversão religiosa do músico, na virada dos anos 70 para os 80, com suas turnês temáticas e álbuns contestados, assim como seu ressurgimento na década de 90, após escapar da morte. A narração vai até 1978, mais ou menos. Após isso, o livro faz um pequeno apanhado, que obviamente está longe de saciar a sede dos fãs.
O maior mérito e defeito do livro é a proximidade/cumplicidade do autor com Dylan. A obra é primorosa, até demais. Na primeira metade do livro, ele prolonga em diversas passagens, minúcias da criação do artista, da família, raízes, o que pode encantar um fã obcecado, mas ao mesmo tempo, torna a leitura cansativa. Na parte final, de 1964 a 1978, a obra esquenta, assim como a própria discografia de Dylan, compreendendo sua melhor fase e deixando a leitura bem mais interessante.
O foco está na relação do artista com sua época, em como ele revolucionou todos ao seu redor com sua música e poesia, em como ele foi atingido por isso e de que forma ele lidou nos anos posteriores.
A vida pessoal é pouco abordada, o foco do trabalho é em Dylan, como artista, músico e poeta.
É uma boa forma de compreender como o compositor mais influente da música popular do século XX enfrentou crises e cravou seu nome na história.
Mas sinceramente, em 400 páginas, tudo estaria perfeitamente descrito.