segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Goiânia Noise e sua 19ª maratona musical

Créditos: Marcelo Costa / Scream & Yell

Lá se vão 19 anos. E o Goiânia Noise Festival nunca decepciona: apresentou nomes emergentes da infinita cena goiana e levou aos palcos, alguns dos nomes mais interessantes da música independente nacional nos dias 6, 7 e 8 de dezembro, em Goiânia, reunindo mais de 3 mil pessoas tendo The Exploited (Inglaterra), Mixhell (SP) e Krisiun (RS) como headliners.

Foram quase 50 bandas, a grande maioria de Goiás. É um trabalho praticamente impossível assistir a todos os shows, sendo que é precisei entrevistar os grupos (enquanto outros tocam), interagir com os amigos que sempre encontramos por lá, sem falar das necessidades elementares de comida e aquela cerveja fundamental para acompanhar sobriamente tal maratona.

A Monstro organizou o festival ocupando o Martim Cererê da forma clássica e tradicional: dois anfiteatros alternando shows de 30 minutos, telão, ar condicionado que funciona e o som extremamente bem equalizado em quase todos os shows, algo louvável. As opções de alimentação eram boas e principalmente fartas (o macarrão era simplesmente absurdo).

Destaques

Dentre dezenas de bandas vale ressaltar o bom “stoner goiano” do Mad Matters, o rock setentista de grande qualidade do Diablo Motor (PE) e o Galo Power (GO), pincelando o melhor do classic rock, blues e hard rock. No sábado, Tarso Miller and the Wild Comets (MG) transformou o anfiteatro em um legítimo saloon do country; o 2 Dub (DF) fez um show interessante (repaginando clássicos do rock para o dub) no lugar errado (o Noise é um festival que prima pelas bandas autorais, então soou meio deslocado, a menos para mim); o Mad Sneacks (MG) reviveu o grunge; já o Ação Direta (SP) e o Walverdes (RS), bandas tradicionais, encheram os anfiteatros com boas apresentações (já aguardadas, por sinal). O Mechanics (GO) surpreendeu com duas baterias e doses acachapantes de barulho.

No domingo, o Grieve (GO), terceira banda a subir no palco, já chamou a atenção para um dia promissor. A banda Rios Voadores (DF) fez um show bem interessante, abusando (até demais) da psicodelia. O Johnny Suxxx and the Fucking Boys (GO) atraiu ótimo publico (principalmente feminino), com seu glam rock bem peculiar. Os goianos do Versário e Space Truck despejaram suas boas influências do rock clássico, ora mais flertando com o pop (como a primeira), ora mais progressivo (a segunda).

TOP 5:

Fuzzly (MT)
É um trio, mas parecia um quarteto, ou quinteto. Pois sempre tinha um roadie no palco, ora para segurar o bumbo, ora para (em vão) tentar fixar os suportes de pratos da bateria, tamanha a agressividade do grupo, a começar pelo baterista. Black Sabbath, stoner rock e psicodelia fizeram a trilha sonora de um show avassalador, até melhor do que o de Cuiabá, que presenciei há mais de 7 anos.

Galinha Preta (DF)
Não tem erro. Grindcore com letras bem acima da média e humor sob medida. Público lotou o anfiteatro e os brasilienses atenderam aos anseios do público, sem se esquecer dos tradicionais e bizarros bonecos de posto.

The Baggios (SE)
Uma dupla (voz e guitarra + bateria). As comparações com White Stripes são inevitáveis, mas aqui há um baterista de verdade. Muita distorção, pegada e peso em uma apresentação acachapante.

Overfuzz (GO)
Ótimo público que pulava, agitava e acompanhava a enérgica apresentação deste Power trio goianiense, que bebe na fonte do Motörhead mas vai além, fazendo um som pesado e bem trabalhado, exigindo bastante do pescoço da plateia.

Shotgun Wives (GO)
Bela surpresa, passeando com muita animação pelo folk e country, com um público já cativo para uma banda que nem completou um ano de vida. E ainda fizeram uma cover oportuna (I Saw Her Standing There, dos Beatles) e outra surpreendente (Ace of Spades, do Motörhead).