Créditos: Marcelo Costa / Scream & Yell
Lá se vão 19 anos. E o Goiânia Noise Festival nunca decepciona: apresentou
nomes emergentes da infinita cena goiana e levou aos palcos, alguns dos nomes
mais interessantes da música independente nacional nos dias 6, 7 e 8 de
dezembro, em Goiânia, reunindo mais de 3 mil pessoas tendo The Exploited
(Inglaterra), Mixhell (SP) e Krisiun (RS) como headliners.
Foram quase 50 bandas, a grande maioria de Goiás. É um
trabalho praticamente impossível assistir a todos os shows, sendo que é precisei entrevistar os grupos (enquanto
outros tocam), interagir com os amigos que sempre encontramos por lá, sem falar
das necessidades elementares de comida e aquela cerveja fundamental para
acompanhar sobriamente tal maratona.
A Monstro organizou o festival ocupando o Martim Cererê da
forma clássica e tradicional: dois anfiteatros alternando shows de 30 minutos,
telão, ar condicionado que funciona e o som extremamente bem equalizado em quase
todos os shows, algo louvável. As opções de alimentação eram boas e principalmente
fartas (o macarrão era simplesmente absurdo).
Destaques
Dentre dezenas de bandas vale ressaltar o bom “stoner goiano”
do Mad Matters, o rock setentista de grande qualidade do Diablo Motor (PE) e o
Galo Power (GO), pincelando o melhor do classic rock, blues e hard rock. No sábado,
Tarso Miller and the Wild Comets (MG) transformou o anfiteatro em um legítimo
saloon do country; o 2 Dub (DF) fez um show interessante (repaginando clássicos
do rock para o dub) no lugar errado (o Noise é um festival que prima pelas bandas autorais, então soou meio deslocado, a menos para mim); o Mad Sneacks (MG) reviveu o grunge; já
o Ação Direta (SP) e o Walverdes (RS), bandas tradicionais, encheram os anfiteatros
com boas apresentações (já aguardadas, por sinal). O Mechanics (GO) surpreendeu
com duas baterias e doses acachapantes de barulho.
No domingo, o Grieve (GO), terceira banda a subir no palco, já
chamou a atenção para um dia promissor. A banda Rios Voadores (DF) fez um show
bem interessante, abusando (até demais) da psicodelia. O Johnny Suxxx and the
Fucking Boys (GO) atraiu ótimo publico (principalmente feminino), com seu glam
rock bem peculiar. Os goianos do Versário e Space Truck despejaram suas boas
influências do rock clássico, ora mais flertando com o pop (como a primeira),
ora mais progressivo (a segunda).
TOP 5:
Fuzzly (MT)
É um trio, mas parecia um quarteto, ou quinteto. Pois sempre
tinha um roadie no palco, ora para segurar o bumbo, ora para (em vão) tentar
fixar os suportes de pratos da bateria, tamanha a agressividade do grupo, a
começar pelo baterista. Black Sabbath, stoner rock e psicodelia fizeram a
trilha sonora de um show avassalador, até melhor do que o de Cuiabá, que
presenciei há mais de 7 anos.
Galinha Preta (DF)
Não tem erro. Grindcore com letras bem acima da média e
humor sob medida. Público lotou o anfiteatro e os brasilienses atenderam aos
anseios do público, sem se esquecer dos tradicionais e bizarros bonecos de posto.
The Baggios (SE)
Uma dupla (voz e guitarra + bateria). As comparações com
White Stripes são inevitáveis, mas aqui há um baterista de verdade. Muita
distorção, pegada e peso em uma apresentação acachapante.
Overfuzz (GO)
Ótimo público que pulava, agitava e acompanhava a enérgica
apresentação deste Power trio goianiense, que bebe na fonte do Motörhead mas
vai além, fazendo um som pesado e bem trabalhado, exigindo bastante do pescoço
da plateia.
Shotgun Wives (GO)
Bela surpresa, passeando com muita animação pelo folk e
country, com um público já cativo para uma banda que nem completou um ano de
vida. E ainda fizeram uma cover oportuna (I Saw Her Standing There, dos Beatles)
e outra surpreendente (Ace of Spades, do Motörhead).